quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Crise política: o que eu tenho a ver com isso?


A sociedade brasileira vive um momento diferente na sua história. Momento esse desencadeado por uma série de situações novas para uma democracia também nova, que precisa de experiência para atingir maturidade.

Infelizmente, nenhuma conquista em nível social vem com facilidade. É preciso muita luta, dedicação e uma formação mais sólida sobre quais são os papeis sociais que cada indivíduo deve exercer. Naturalmente, cada atividade desempenhada por seus atores sociais resvala na política e  na ideologia, que tem o papel de formar os conceitos de um indivíduo.

A juventude da década de sessenta e setenta viveu a repressão e a completa falta da liberdade de expressão. Movimentos radicais esticam a corda que promove reações igualmente radicais. Por isso, aquela juventude teve que se organizar e entender de mecanismos políticos que permitiam a igualdade, a liberdade e a justiça social. Eram politizados.

A década seguinte viveu a grande mudança. Derrubamos a ditadura e implantamos a democracia, entretanto, curiosamente, os atores políticos da repressão permaneceram exercendo cargos políticos e, pasmemos todos nós, continuam ainda legislando nosso país. A partir de então viveu-se a euforia da liberdade e gradativamente a politização foi dando espaço a outras maneiras de intervenção social.

Nossa política envelheceu. A partir dos anos dois mil, verifica-se que o processo de “liberdade” despolitiza a juventude e dá espaço para a atuação de uma indústria cultural e de uma grande massificação midiática que, por manter íntimos interesses com a preservação da “ordem”, manipulam informações e alienam cada vez mais a população.

Hoje em dia, perdemos a noção de ideologia política e, consequentemente, de relação social. Para nós, tudo que a mídia oferece é recebido como uma verdade absoluta, como se ela (a mídia) fosse um ícone divinizado, um oráculo que a tudo pode salvar ou crucificar. A crise política que vivemos está polarizada entre extremos equivocados e, porque não temos mais o senso crítico, nossa tábula rasa assimila a informação dos meios de comunicação e a reproduz como se fossem os gritos de ordem que decretarão quem é o certo e quem é o errado nessa história.

Vivemos a cultura do imediatismo e em todos os assuntos mais delicados temos a tendência de não relativizar. Ser maniqueísta (bem X mal) é mais fácil do que buscar alternativas, já que sair do senso comum exige conhecer história, política e entender os processos de evolução da sociedade.

Enquanto nossa juventude não se interessar por essas causas que afetam nosso dia-a-dia, arregaçar as mangas e propor uma mudança conceitual no que diz respeito ao que achamos ou que “achamos que achamos”, continuaremos a ser marionetes nas mãos daqueles que detêm o poder e que nos tratam como seus bichinhos de estimação.

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