Tudo isso traz um grande enriquecimento cultural para o indivíduo, mas, e quando esse intercâmbio se faz com uma sociedade inteira?
O primeiro instrumento de dominação de um povo sobre outro, desde as épocas mais remotas, sempre foi a imposição da língua do povo dominante sobre o povo dominado. Ao mudar o modo de se comunicar de uma sociedade, ela perde gradativamente seus valores coletivos e a cada geração vai se desagregando até que sua capacidade de se organizar enquanto comunidade fica nula.
O Brasil nunca viveu um período de dominação territorial que afetasse a nossa cultura por meio da língua, mas pela nossa natureza receptiva, sempre aceitamos com muita naturalidade as imposições culturais vindas de fora.
Com as revoluções industrial e francesa, nos idos do século XVIII, a França se tornou o maior polo irradiador de cultura do século XIX. Nossa língua foi assimilando palavras e expressões francesas que se incorporaram ao nosso falar e significavam elitização, pois a burguesia da época marcava sua “superioridade” com um linguajar carregado de galicismos (abajur – balé – bibelô – bufê – clichê – camelô – cupom – edredom – flerte – garçom – maiô – raquete).
Depois desse período, e com o processo imigratório que sucede à época abolicionista e segue até a segunda guerra mundial, o Brasil recebe pessoas de toda a Europa e mais uma vez vai assimilando novas expressões e novos falares. Do Árabe incorporamos palavras como almoxarife, alface, alfaiate. Do turco – quiosque. Do alemão – guerra, sabão, norte. Do italiano – soneto, pastel, maestro. Do japonês – quimono, samurai.
Ao final da primeira guerra e com os Estados Unidos tendo se transformado em uma potência bélica, econômica e comercial, vimos a língua inglesa impondo-se às outras culturas de forma bastante agressiva. O Brasil vai assimilar uma infinidade de novas palavras ao seu léxico – business, delivery, delete, shampoo.
Tudo isso gera grande polêmica entre os estudiosos da língua. De um lado, os puristas defendem que esses estrangeirismos enfraquecem nossa língua descaracterizando-a. De outro, os liberais, que defendem que a língua só tem a ganhar pois ela permanece sempre atualizada.
Comparando as diferenças existentes entre a maneira como os brasileiros e os portugueses, por exemplo, assimilam as interferências estrangeiras, pode-se perceber como o português falado aqui no Brasil é mais maleável e, por isso, incorpora com muito mais naturalidade esses estrangeirismos e faz uso sem reservas dessas novidades linguísticas acreditando agregar “status” ao seu falar. O português de Portugal é mais purista e tradicionalista, mantendo uma língua mais rígida e menos adaptável interferência cultural.
Nós, brasileiros, como povo festivo e receptivo que somos, temos muito a aprender e crescer assimilando os estrangeirismos, sem perder as referências linguísticas e culturais que nos fazem ser assim, orgulhosos da própria língua:
Samba Do Approach
Zeca Baleiro
Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat...
Eu tenho savoir-faire
Meu temperamento é light
Minha casa é hi-tech
Toda hora rola um insight
Já fui fã do Jethro Tull
Hoje me amarro no Slash
Minha vida agora é cool
Meu passado é que foi trash...
Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat...(2x)
Fica ligado no link
Que eu vou confessar my love
Depois do décimo drink
Só um bom e velho engov
Eu tirei o meu green card
E fui prá Miami Beach
Posso não ser pop-star
Mas já sou um noveau-riche...
Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat...(2x)
Eu tenho sex-appeal
Saca só meu background
Veloz como Damon Hill
Tenaz como Fittipaldi
Não dispenso um happy end
Quero jogar no dream team
De dia um macho man
E de noite, drag queen...
Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat...(7x)
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